quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

JUDEUS ULTRA-ORTODOXOS, ESTES DESCONHECIDOS


JUDEUS ULTRA-ORTODOXOS, ESTES DESCONHECIDOS
Por David Tabacof, 26/02/2014 
“A religião é o ópio do povo” disse um judeu, descendente de uma linha de rabinos ilustres, apelidado na infância de Hershale e em cujo nome uma ideologia importante do sécculo XX seria criada, Karl Henirich Marx. 
Não sou marxista, mas no que tange à frase, estou de pleno acordo com Hershale.
No Brasil, você os vê raramente. Talvez, em S.Paulo, nas imediações da Rua Padre João Manuel. Mas aqui, em Israel, você cruza com eles diariamente em todos os lugares. Os homens de terno escuro, barba, peiot e chapéu; as mulheres com suas saias obrigatórias e cabeça coberta. 
São facilmente identificáveis, entre a grande maioria não religiosa deste país. Obviamente, ninguém liga. Faz parte da paisagem.
Eu mesmo cruzo com eles quase que diariamente conheço, porém, pouquíssimo sobre seu modo de viver. Sei que se dividem em movimentos diversos de nomes estranhos como Hassidim e Mitnagdim, Litvichers, Gherers, Chad, etc. Sei que são rigorosos quando se trata de comida, que deve ser kasher. 

Evitam socializar com não iniciados. E muitos exigem kasher “lemeadrim”, que quer dizer kasher muito rigoroso. 

Em voos da El Al já vi religiosos recusando a comida de bordo (é kasher com certificado na bandeja) por não ser “lemeadrim”. Os refusniks trazem os bolsos cheio de biscoitos para enfrentar a fome dos voos longos.
Ultimamente, chegaram perto de minha casa em Ramat Aviv. 

Com sua população crescendo de forma geométrica, estão se expandindo também para outros bairros e cidades. Frequentam uma sinagoga aqui em frente de casa, quase dentro do Jardim Politi que é o panorama verde que se descortina quando abro a janela da sala. No Shabat, enquanto os homens rezam, as mulheres e suas crianças são mandadas para o jardim afim de não perturbar as orações. 

A meninada segue o modo de vestir dos pais. Roupinha sóbria e kipá; as meninas, invariavelmente, vestem saias em contraste com os resto das criançada e suas roupas coloridas normais. Brincam entre si de bola e corrida como qualquer criança. 

Quando acaba o serviço religioso, os homens encontram as mulheres e as crianças, formando grupinhos de conversa. Ninguém liga. Nem eu, mas...quem é essa gente, como se comportam em casa, que educação dão aos filhos, como são no trabalho, etc. 

Dizem que são meus irmãos de fé. Mas, como, se fé não tenho? Como a maioria dos israelenses, os aceito com naturalidade, já que me disseram, não lembro, meu avô era, mais ou menos, como eles, o que aguça a minha curiosidade.

Minha avó, com a qual convivi, me contava que o avô, Moishe, apesar de viver numa pequena comunidade judaica, (em Salvador), não deixava de cumprir os rituais judaicos que trouxera da Europa.

De uns tempos para cá comecei a me interessar mais. Não por que estou, tardiamente,  sendo atraído para a religião (continuo ateu, agnóstico, no máximo), mas porque devo reconhecer que é parte integrante de minha cultura e meu povo. Por viver em Israel, posso me dar ao luxo de ignorar o judaísmo religioso. Na diáspora, não há outra maneira de manter a “loja” aberta.

Vou ao teatro idish porque tenho saudade da mamelushen falada correntemente em casa durante a minha infância. A religião jamais foi parte importante em minha vida desde garoto já que meu pai preferia ironisar tudo e nem lembrava de religião. Além disso, éramos “progressistas”. Religião em minha casa era um non-subjetct (não era assunto). 

Lembro vagamente que minha avó, de repente dizia em idish “Morgen is Sikess” (amanhã é Succot). Éramos tão pouco apegados à religião que em Yom Kipur, o único dia que meu pai não saia para cobrar a clientela, em vez de jejuar, comíamos um lauto almoço com a família reunida, finalmente. 

E se hoje não sou religioso nada se deve ao fato de meus pais não serem ligados à religião. 

Muito cedo, entendi, ajudado pelo professor Yaucht, através das aulas de “idishe Gueshichte” (História Judaica, em idish) que o Tanach (Torá) é composto por lendas baseadas em fatos históricos ocorridos ha milênios. 

Outras religiões, anteriores à Bíblia judaica, já descrevem acontecimentos muito semelhantes aos citados na Bíblia, a exemplo do dilúvio. Foi escrita, obviamente, por autores diversos, facilmente distinguíveis por diferenças de estilo e repeitições. 

Mas, gosto da Bíblia e já li (quase) inteiramente. Como o hebraico do Tanach é muito difícil comprei uma edição internacional em inglês atual.) Não a edição cristã da versão chamada King James Version, também complicada devido o inglês antiquado.

Suas histórias são fascinantes. Já trazem a marca registrada dos judeus de não elogiar excessivamente ninguém, com exceção de Deus que julgam ser um grande cabotino à procura de elogios. O nepotismo, por exemplo, já aparece de forma clara. 

Moisés nomeou seu irmão, Aron, para o mais alto e possivelmente, mais lucrativo cargo da época, o de Cohen Gadol (Supremo Sacerdote) e dirigente do Grande Templo em Jerusalém para onde eram trazidas dádivas generosas. Os judeus da época davam ao Templo de forma generosa, afinal, você não pode fazer economia em cima de Deus. 

Na Bíblia, porém, existem também passagens interessantes que fazem a alegria dos agnósticos como em Ecclesiastes onde o tema é a dúvida a respeito de tudo, inclusive a própria existência de Deus. (Continua. Como casam e fazem sexo no meio ultra ortodoxo).

MAIS UMA VEZ...NA ALEMANHA
Coincidindo com a publicação de um relatório sobre anti semitismo na Alemanha, na atualidade, e a visita de Merkel a Israel, o público israelense tomou conhecimento de uma caricatura de Mark Zuckerberg, inventor e dono do Facebook, publicada no jornal  “Suddeutsche Zeitung”. 

Mark Zuckerberg, o F da Facebook (o telefone representa a Whats Up) aos olhos do Suddeutsche Zeitung.
(Acima) Lembra tanto os “bons tempos” do jornal nazista “Der Sturmer que a Fundação Simon Wiesenthal, que acompanha e protesta, quando necessário, qualquer manifestação de anti semitismo publicou uma nota de protesto acusando o desenhista de anti semitismo sub consciente.
NUMA NOITE DE NEVOEIRO…
Ontem, o nevoeiro estava forte no norte e, certamente, no Líbano também. Os terroristas do Hesbolá, subestimando a capacidade da Força Aérea de Israel, mandaram os caminhões carregados de mísseis de longo alcance sair em direção ao sul do Líbano. 

F-15 israelenses
Os aviões israelenses, sempre alertas, não teriam visibilidade para impedi-los de chegar ao seu destino. Engano, os F-15 israelenses, que possuem visibilidade total mesmo sob nevoeiro, foram a seu alcance e destruiram tudo ainda antes de chegar ao Líbano. 
Assim, prossegue esta espécie de gato corre atrás e come o rato. O Hesbolá nada comentou. Não gostam de confessor derrota. 
OS CHINESES ESTÃO CHEGANDO…

Este foi o título dado pelo jornal Haaretz na reportagem contando sobre o fenômeno que está fazendo furor e tomando conta da indústria de Alta Tecnologia (Hi-Tech) em Israel. O jornal conta ainda que homens de negócio chineses estão dispostos a investir bilhões nesta área de negócios aqui em Israel.

Reconhecer que Israel tem muito a oferecer a investidores estrangeiros pode parecer exagerado dadas as dimensões da economia israelense. Não no setor da alta tecnologia, Israel é um dos poucos países a ter ações negociadas da Nasdaq (Bolsa especializada em ações de tecnologia avançada). 

Recentemente, a empresa Waze, cujo produto se destina ao setor de transportes, (dá a situação do tráfego em determinada cidade ou bairro em tempo real) criada por israelenses, foi vendida à Google por 980 milhões US$. Isto só para dar uma idéia de valores do setor em Israel.

Os chineses, que acumularam muito dinheiro durante os últimos anos graças ao seu  cantado e decantado boom, estão à procura de lugares e empresas para investir. Com o mercado de capital oferecendo taxas irrisórias, os chinese estão na praça em todo o mundo para investir o capital acumulado. 

Até pouco tempo, grande parte estava aplicada em Letras do Tesouro americano. Mas, estas, com os juros abaixo da inflação americana, deixaram de ser atrativas. Os chineses passaram, por isto, a procurar oportunidades em todo o  mundo. 

E Israel tem muito a oferecer, notadamente no setor tecnológico. Os orientais que passaram direto de uma economia socialista para a (quase) livre economia acompanham de perto tudo que se passa no mundo dos negócios. 

O pequeno, mas agressivo Israel, com seu potencial muito maior que sua dimensão física (os chineses não sendo europeus, não conhecem o anti semitismo e o pessoal do BDS (Boicot, Divest, Sanctions) que boicota Israel (dizem que só produtos dos territórios ocupados, o que não é verdade) pode gritar à vontade. 1,5 bilhão de bocas para alimentar falam mais alto. 

Por isto, está aqui uma delegação chinesa de alto nível à procura de negócios. Entrevistados demonstraram interesse eno know how israelense nos campos da aparelhos de medição e imagem em Medicina, métodos para aumentar a produção agrícola, preservação do meio ambiente, e até aero espacial. Segundo a mídia israelense, os chineses podem suplantar os EUA como principal fonte de capital.


Edouard Cukierman, Segundo da direita. O contato dos chineses em Israel.

Um comentário:

  1. Hello David
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